A pesquisa clínica no Brasil tem mostrado avanços significativos nos últimos anos, mas ainda enfrenta desafios que dificultam seu crescimento e reconhecimento global. Este artigo explora os principais obstáculos e as oportunidades que o país possui para se tornar um líder mundial nesse campo.
Burocracia regulatória: um entrave ao progresso
Um dos principais desafios enfrentados pela pesquisa clínica no Brasil é a burocracia regulatória. O processo de aprovação de estudos clínicos é demorado e complexo, o que pode atrasar o início de pesquisas e afastar investimentos estrangeiros. Enquanto em outros países os prazos para autorização de estudos variam de três a seis meses, no Brasil esse intervalo frequentemente ultrapassa um ano .
Infraestrutura e logística: barreiras para o acesso
A falta de infraestrutura adequada, especialmente em regiões remotas, dificulta o acesso de pacientes a estudos clínicos. A ausência de centros de pesquisa em áreas periféricas limita a participação de voluntários e reduz a representatividade dos dados coletados. Estratégias como a pesquisa clínica descentralizada, que utiliza recursos móveis e profissionais itinerantes, têm sido sugeridas para superar essas barreiras .
Um obstáculo ao desenvolvimento
Apesar de ser o sexto maior mercado farmacêutico do mundo, o Brasil ainda carece de investimentos significativos em pesquisa clínica. Aproximadamente 8.805 estudos são realizados no país, representando 42% do total na América Latina, mas apenas 2% no cenário mundial. A falta de investimentos limita o desenvolvimento de novos tratamentos e a competitividade do país nesse setor .
Diversidade e potencial de crescimento
Apesar dos desafios, o Brasil possui características que podem impulsionar a pesquisa clínica. Sua população multiétnica oferece uma base diversificada para estudos genéticos, e a recente aprovação da Lei nº 14.874/2024 estabelece diretrizes para a condução de estudos clínicos, visando aumentar a transparência e a segurança dos participantes .
Rumo a um futuro promissor
Para que o Brasil se torne referência mundial em pesquisa clínica, é essencial superar os desafios atuais. A desburocratização dos processos regulatórios, investimentos em infraestrutura e maior financiamento são fundamentais. Com a implementação eficaz da nova legislação e o aproveitamento de suas características únicas, o país tem o potencial de se destacar nesse campo e contribuir significativamente para os avanços na medicina global.